domingo, 5 de julho de 2015

Desde os Primórdios... (1500 a.C. à 1964)

   Para pensar...

"Desde os Primórdios até hoje em dia
o homem ainda faz o que o macaco fazia,
eu não trabalhava, eu não sabia
que o homem criava e também destruía"
Titãs                                             


   Nesse post vou falar para você um pouco sobre a História da Maconha, primeiramente devemos entender que a maconha acompanha a humanidade desde o início da civilização. A seguir vou expor para você alguns momentos de nossa relação com essa planta.
     1500 a.C.   O Papyrus Erbes (um dos tratados médicos mais antigos e importantes do Egito Antigo) recomenda o uso da maconha dissolvida em mel para o alívio de inflamações nos olhos e cólicas menstruais.


     500 a.C.   A tradição budista conta que Sinatra Gautama, popularmente dito e escrito simplesmente Buda, viveu seis meses alimentando-se exclusivamente de semente de maconha.


     500 a.C.   Apesar da maconha ser popular na região e na época em que o Antigo Testamento foi escrito, não existe menção explícita à planta na bíblia. No Êxodo, porém, Deus pede a Moisés que faça um óleo sagrado com o ingrediente "kaneh bosm". Para a antropologia polonesa Sula Benet, a tal "erva perfumada" descrita em hebraico é a maconha.


     Séc. 1 a.C.   Os chineses inventaram o papel feito de fibras de maconha.


     301   O imperador romano Diocleciano fixa o preço da maconha, 80 denários por quilo, mais caro que o ópio. Apreciada pelos vizinhos egípcios, a droga era importada deles ou de povos celtas (povos de família linguística indo-europeia). Seu uso só seria popular no continente por volta do século 19.



     1745   George Washington (primeiro presidente dos Estados Unidos) planta maconha por 30 anos em sua fazenda.

     1798   Napoleão Bonaparte (líder político e militar) conquista o Egito e proíbe o uso da maconha. Preocupados com o efeito da droga, que deixava as pessoas num "constante estado estupor (estado em que a pessoa não responde a estímulos externos)", segundo o relato de um de seus oficiais, o imperador baixa um dos primeiros decretos que proíbem a erva.

     1812   A Rússia viola um acordo para vender maconha aos ingleses e Napoleão declara guerra. Napoleão invadiu a Rússia e acabou sofrendo a derrota histórica em que seus soldados morreram de frio. O que não se conta na escola é que o estopim da guerra contra os russos foi a venda de maconha, principal produto de exportação dos russos para os ingleses. O produto era estratégico, porque era matéria-prima de todas as velas e cordas das embarcações da época. Como a Rússia era a única fornecedora de maconha para toda a Europa, Napoleão espera vencer a guerra boicotando a manutenção dos navios ingleses.
   Não deu certo porque os ingleses obrigavam navios dos Estados Unidos, neutros no conflito, a comprar as fibras para revendê-las.

   
     1890   A Rainha Vitória (Rainha do Reino Unido de 1837 até a morte) começa a tratar sua enxaqueca com maconha, sob prescrição médica.
    
    
     1910   Cientistas brasileiros dizem que  maconha explica "ignorância" e "criminalidade" dos negros.

     1921   Nova lei federal de entorpecentes proíbe o uso recreativo no Brasil.

     1927   A década de 30 foi o auge do "viper blues", canções sobre maconha de negros que tocavam jazz e blues. Viper era uma gíria para designar maconheiros, típica do Harlem, bairro negro de Manhattan, nos anos 20.
   O termo víbora em inglês, foi escolhido por causa da semelhança entre o assobio causado na tragada da fumaça e o sibilo de uma serpente. Um dos músicos negros que usavam a droga foi Louis Armstrong, um dos fundadores do jazz.
"Sempre enxergamos a maconha
como uma espécie de remédio,
uma onda barata que traz pensamentos muito melhores
do que os de quem esta cheio de bebida"
Louis Armstrong, músico, foi preso por 9 dias em 1931,
por porte de maconha.
 Em 1954, ele escreveria ao Dwight Eisenhower
(Presidente do Estados Unidos) pedindo a legalização.



     1932   Decreto 20.930 cria prisão para uso de maconha no Brasil.   


     1961   Convenção Internacional de Narcóticos da ONU, que proíbe uso de droga é assinada por 173 países.
   A maconha entra na classe das substâncias mais perigosas, sem uso medicinal reconhecido.
    
     1964    O músico Bob Dylan apresenta a maconha aos integrantes dos Beatles. Em um encontro após o show a banda ofereceu lhe ofereceu anfetaminas e Dylan fez uma contra proposta: "Vocês não preferem algo orgânico?" Eles disseram que nunca haviam fumado maconha e o americano não entendeu:"E aquela música de vocês sobre ficar doidão? ´It's such a feeling, I get high´ (É um sentimento tão intenso, eu fico chapado)?"
   John Lennon explicou que a letra na verdade dizia "I can't hide" (não posso esconder).
   Desfeita a confusão Dylan fez um baseado e o entregou a Lennon, que o passou a Ringo Starr, seu provocador "oficial". O baterista se trancou num cômodo nos fundos da suíte e fumou o baseado sozinho. Ao voltar, ele relatou sua experiência.
   "O teto esta caindo em cima de mim".
  
   E todos os outros seguiram para o quarto, um por um, enquanto Dylan fazia outros baseados. Mais tarde, numa entrevista, George Harrison descreveu a experiência: "Ficamos sem sentir as pernas e morremos de rir". Eles tinham 20 e poucos anos e, naquela época, já tinham batido todos os recordes de venda de discos e lotação de shows, com músicas inocentes de amor, ternos e cabelos bem penteados. No ano seguinte, eles começariam a usar roupas excêntricas, deixar o cabelo crescer e começar a compor músicas que testariam - e expandiriam - os limites da música pop.
  
     Paul Mccartney seria preso 4 vezes por porte de maconha. Em 1980, ele passaria 9 dias na cadeia, depois de ser flagrado com 224 gramas de maconha no Japão. Desde a década de 1960, ele defende a descriminalização da maconha, assinando abaixo-assinados e apoiando campanhas financeiramente.




Matéria retirada da Revista Super Interessante
"A Revolução da Maconha"
publicada em Abril 2014
   

 






Nenhum comentário:

Postar um comentário