segunda-feira, 13 de junho de 2011

Mateus "A Bordo na Nave Mãe"

  Horas antes de subir no avião para ir à São Paulo fiz um teste de farmácia e POSITIVO. Ebaaaa um bebê, que legal!!!  
  Eu e a Duda chegamos em São Paulo e revemos parentes e amigos, desta vez curtimos menos ainda pois eu estava grávida e tinha que ir no médico também para começar o meu pré-natal. Um dia fui passar com um médico para fazer um BETA-HCG e lá mais um problema começa. Nesta época estava tendo uma campanha muito forte para vacinação contra a rubéola e eu por não imaginar que poderia estar grávida tomei a vacina e é ai que meu drama começa de novo.
  Na sala de espera do médico, minha sogra e a cunhada dela me perguntaram se eu havia tomado a vacina e eu ingenuamente e orgulhosa de me cuidar disse que sim. As duas se olharam e eu perguntei o que estava acontecendo e elas me disseram por alto que gestante não poderia tomar a vacina, pois o feto poderia nascer com má formação e eu comecei a chorar. Como eu posso ter outro filho especial? Isso é uma loucura. Dizem que dois raios não caem no mesmo lugar, cai? Porque se cair eu estou ferrada!


  Respirei fundo e parei uma enfermeira para perguntar, pois a espera pelo médico me matava. Claro que não disse que eu estava grávida, disse apenas que uma amiga havia tomado à vacina e estava grávida e que eu por curiosidade queria saber o que poderia acontecer com o bebê dela. Ela então respirou fundo e como uma metralhadora começou a falar que a probabilidade da criança nascer com problema era de 99% e me falou nome de doenças que nunca nem ouvi, entre elas falou sobre surdez, cegueira e amputação de membro.     
  Esta mulher tirou meu chão, tirou o mundo debaixo dos meus pés e eu comecei a chorar inconsoladamente. Minha sogra também escutou e não conseguia me acalmar e a espera pelo médico ficou ainda pior e eu não conseguia me controlar, na mesma hora liguei para o meu marido aos prantos e ele tentava me acalmar, mas também estava desesperado.
  Finalmente minha vez chegou e o médico por saber que EU estava grávida contornou a situação e disse que a porcentagem não era tão grande assim. Ele não me convenceu e procurei outros médicos e alguns amigos também tiraram suas dúvidas em relação à vacina. E a conclusão era que os médicos que sabiam que eu estava grávida contornavam a situação e os que nem me conheciam afirmavam a porcentagem da tal enfermeira.
  Os dias foram passando e a probabilidade de eu estar esperando um filho com sérios problemas era cada vez maior. Os médicos, a internet e as histórias me davam muita certeza que eu não poderia ter esse filho.
  Sempre digo que ter um deficiente não é cruz e nem um calvário, mas dois? Minha filha precisa de cuidados especiais e se eu tiver outro filho especial de quem vou cuidar? Quem vai ficar sobrando? E pra mim ter dois filhos especiais é humanamente incoerente, impossível e improvável. Minha filha precisa de um irmão para ajudá-la e não mais um que precisa ser ajudado. E onde esta Deus neste momento? O que ele quer de mim? Quem ele pensa que é pra fazer isso com minha vida e minha família? Deus me perdoe eu nem sei em que caminho andar, nem sei como expressar tamanha dor.
  E esta tremenda confusão eu tinha que resolver o quanto antes, pois os dias estavam passando e o bebê estava se formando. Fui a uma médica e perguntei quais eram os riscos em um aborto e ela disse que aborto é ilegal e que era contra os princípios dela como médica me falar sobre isso. Eu disse que sabia o que precisava tomar para abortar, quem não sabe? E também sabia que era ilegal, mas eu queria saber quais os riscos que eu corria. Muitas pessoas poderiam até não concordar com um aborto, mas não me julgavam, pois viam a minha situação. A médica disse que eu corria risco de vida sim e riscos sérios, além do mais minha saúde não ajudava e que a probabilidade de dar errado e eu morrer era grande. Eu já havia visto o preço do remédio, mas eu não poderia morrer, se eu morresse quem iria cuidar da Duda, se eu morrer ela vai perder a mãe não para um irmão e sim pra vida inteira. Se isso acontecesse era como se eu tapasse o sol com a peneira e ela precisava de mim.

  Descobri que tomar o remédio era uma péssima saída e eu então não sabia o que fazer. Eu olhava para a minha barriga e por Deus... era como se eu gerasse um monstro. Eu não o queria, a barriga me incomodava e com isso tudo a gravidez deixou de ser bem vinda. Eu não falava mais do irmão para a Eduarda à final eu não o queria. E nesta altura do campeonato só uma pessoa me entendia, ninguém me julgava, mas também não me entendiam.
  Minha prima havia estado na minha pele recentemente, ela tinha engravidado do seu segundo filho e ainda na gravidez descobriu um problema muito sério em seu bebê. Embora ela não tenha pensado em tirar o filho ela muitas vezes o negou e mesmo lutando intensamente pela vida e saúde do bebê ele veio a falecer com poucos dias de vida. E isso tudo era muito recente não fazia nem um mês, ela muitas vezes chorava ao telefone comigo. Ela dizia que sabia o que eu estava passando e que ela se arrependeu de não ter curtido mais a barriga, ela queria poder voltar e curtir cada segundo o tempo que ele esteve com ela. 
  Mesmo escutando tudo isso eu não o queria e o mais certo pra mim era tirá-lo. Disseram-me que se eu tomasse leite quente com canela eu teria um aborto, eu quase me embebedei com o tal leite de tanto que tomei. Passei a noite tendo a sensação de estar me sangrando, mas nada aconteceu. Era só o meu psicológico mesmo. Quer dizer aconteceu uma coisa, eu fiquei com uma tremenda diarreia, nem sei como pude acreditar que isso daria certo.
  Bom, minha última saída era fazer um aborto legal e então procurei a minha advogada e descobri que essa era mais uma furada. A advogada me disse que poderíamos até tentar, mas que ela sabia que eu não ganharia e que juiz algum me daria o direito de tirar este filho à final ele poderia viver bem, ele seria apenas mais um deficiente com suas limitações. Eu até tinha bons motivos para querer isso, mas o que eu não tinha era o direito de tirar a vida de uma criança que não tem culpa dos meus problemas, da minha falta de grana e talvez você até esteja pensando que o bebê não tem culpa da minha covardia.
  Posso até parecer covarde para você, mas não desejo nunca que você esteja na minha pele nem por um segundo se quer. Não sou melhor do que ninguém, mas muitas pessoas não aguentariam passar pelo que eu já passei. Bem, não estou aqui para te agredir e nem me defender, pense o que quiser de mim, mas reflitam em suas próprias vidas sempre. E nunca tentem se colocar no lugar de uma pessoa, pois isso não dá certo a menos que esteja realmente no lugar dela.
  Voltando ao assunto eu já estava sem saída, o jeito era aceitar e esperar. Alguns dias se passaram e eu tive um pequeno sangramento e fui direto para o hospital, eu esta com deslocamento da placenta e teria que fazer repouso. Que repouso que nada, eu não quero esse filho e ainda vou ter que fazer repouso? Eu não fiz, eu fazia tudo ao contrário do que os médicos me diziam. Eles me mandavam não subir e descer escadas e eu fazia. Eles diziam para eu não pegar a Eduarda no colo e eu pegava e ainda subia as escadas.
  Deus estava disposto a me dar esse filho e de nada adiantava o que eu fazia, o jeito era aceitar e pedir forças para suportar minhas angústias, resolvi então me cuidar e cuidar dele também.
 Voltamos para casa e arranjei um médico para acompanhar o meu pré-natal, ele disse para eu me acalmar e que meu bebê não iria ter problema algum. E então eu passei a desejar o meu bebê, o meu caçulinha.  

  A gravidez ainda era de risco e cada sangramento uma nova preocupação e um ultrassom, mas o bebê sempre estava bem e eu muito feliz. A Eduarda o amava e acompanhou tudo muito intensamente.
  Ele estava vindo para somar e a Duda teria que ter a certeza do quanto a amávamos e que ele jamais tomaria o lugar dela e sim conquistaria o lugar dele em nossas vidas assim como ela. Passei a dizer para ela que ele era o presente que a gente estava dando, um lindo irmão para brincarem juntos, se ajudarem e se amarem. Mesmo que ela não entendesse muita coisa eu sempre falava que se um dia eu e o pai a faltássemos ela o teria. E enquanto todos sem exceções juravam que ela teria ciúmes, eu e meu marido sempre tivemos a certeza de que ela não teria. Ela o amava e deixava isso muito claro, ela sempre foi madura e nunca insistiu em subir no meu colo, na minha barriga... ela tinha muito cuidado com o irmão. Ela idolatrava o PATEUZINHO (como ela o chamava) e dizia que iria ajudar a mamãe e eu tinha certeza que sim.
  Minha cesariana foi marcada e no dia 18 de Março de 2009 o meu príncipe nasceu. No mesmo momento que ele saiu da minha barriga saiu um peso enorme das minhas costas. E mesmo que eu nunca mais tenha falado dos meus medos em relação a algum problema com ele, eu tinha muito medo do que poderia estar por vir. Ele nasceu e pela Graça de Deus saudável e muito bem obrigado.
  No dia em que ele nasceu eu 

estava triste por estar longe da Duda, mas no mesmo dia ela foi nos visitar. Deixamos ela segurar ele no colo e ela adorou, ela reagiu muito bem com a chegada do irmão e eu nunca pensei que pudesse ser diferente. Fomos para casa e como não poderia deixar de ser o amor entre eles foi crescendo a cada dia mais e hoje um não pode viver mais sem o outro.
  

  O Mateus é um fofo, super bonzinho e adora dormir. O carinha é lindo, loiro, olhos azuis e branquinho.
  Meus bebês são as coisinhas mais doces e preciosas que eu tenho.
  





FILHOTINHOS A MAMÃE AMA VOCÊS...AMO CADA MILIMETRO DE CADA UM DE VOCÊS E OBRIGADA POR EXISTIREM E SEREM MEUS 



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