Preciso sitar pra vocês algo que de fato não me dá prazer em contar, mas...
Quando eu era adolescente eu era cruel e fria como todos os outros, estudei da 5ª à 8ª série com uma menina que era e é especial. Não sei bem ao certo quais eram os seus reais problemas, mas sei que ela os tinha.
Eu e os outros sempre zombávamos da cara dela e ela nem entendia, ou eu achava que ela não entendia. Mas hoje aposto que quando a mãe ficava sabendo dos maus tratos com sua filha, ela sofrera muito e hoje posso imaginar o que ela sentiu, hoje tenho a certeza do quanto éramos inconsequentes e vulneráveis.
Nesta fase da vida ela também se apaixonou como todos nós, mas com uma única diferença, a de sempre ser zombada pelo seu amor não correspondido. Depois de alguns anos algo em mim mudou, ela gostava de mim e eu passei a gostar dela também, ela ia à minha casa e eu na dela, ela conhecia a minha família e eu a dela... a mãe dela era grata pela minha compreensão com sua filha, mas mal sabia o monstro que eu fui um dia, ou sabia e quis dar uma chance para eu me redimir. Eu espero realmente ter resgatado essa fase monstro da minha vida.
Tive contato com ela até um pouco depois que a Eduarda nasceu, mas não tive o prazer ou o desprazer de contar da minha filha para a família dela. Quando eu soube dos problemas da Duda eu não os encontrei mais.
Eu cresci e fui ficando cada vez mais madura em relação aos deficientes. Tive contato com umas duas ou três mães de crianças especiais e eu sempre as queria consolar dizendo “que Deus só da um filho especial para uma mãe muito especial”. Acontece que eu não sabia que elas não precisavam de consolo algum e que ter um deficiente na família não era nenhuma tragédia e nem o fim da vida. Embora as minhas antigas palavras muitas vezes me sirvam de consolo e me confortam.
Hoje ao ver minha filha eu me lembro muito daquela colega da minha adolescência e como é triste e duro compará-la com alguém que foi tão maltratada e discriminada pelas pessoas. Minha filha tem Paralisia do lado direito do corpo e ela arrasta a perninha quando anda e isso a faz parecer com a garota que estudou comigo. Será que ela irá sofrer tudo o que a menina que estudou comigo sofreu? E se acontecer terei que sofrer este castigo calada? Nem posso pensar nisso, não suportarei tamanha injustiça e covardia com minha filha.
Teresa, estou encantada com sua vida e sua força, mas esse post em especial mexeu muito comigo. Sei que estamos falando da mesma pessoa e as vezes me culpo muito, mas crianças são pessoas que não tem muito discernimento das coisas e o que me consola é saber que mesmo com as "zoações" a nossa amiga "especial" gosta da gente até hoje.
ResponderExcluirBeijos Carin
É infelizmente aconteceu, mas o bom de tudo isso é saber que aprendemos e talvez conseguir passar mais a fundo para nossos filhos o quanto este ato é inútil e cruel.
ResponderExcluirE como vc disse...ainda bem que temos o afeto dela até hj!!!
Valew Ca
Bjkas