sábado, 11 de junho de 2011

Minha adolescência (eu uma adolescente cruel)

  Preciso sitar pra vocês algo que de fato não me dá prazer em contar, mas...
  Quando eu era adolescente eu era cruel e fria como todos os outros, estudei da 5ª à 8ª série com uma menina que era e é especial. Não sei bem ao certo quais eram os seus reais problemas, mas sei que ela os tinha.
  Eu e os outros sempre zombávamos da cara dela e ela nem entendia, ou eu achava que ela não entendia. Mas hoje aposto que quando a mãe ficava sabendo dos maus tratos com sua filha, ela sofrera muito e hoje posso imaginar o que ela sentiu, hoje tenho a certeza do quanto éramos inconsequentes e vulneráveis. 
  Nesta fase da vida ela também se apaixonou como todos nós, mas com uma única diferença, a de sempre ser zombada pelo seu amor não correspondido. Depois de alguns anos algo em mim mudou, ela gostava de mim e eu passei a gostar dela também, ela ia à minha casa e eu na dela, ela conhecia a minha família e eu a dela... a mãe dela era grata pela minha compreensão com sua filha, mas mal sabia o monstro que eu fui um dia, ou sabia e quis dar uma chance para eu me redimir. Eu espero realmente ter resgatado essa fase monstro da minha vida.
  Tive contato com ela até um pouco depois que a Eduarda nasceu, mas não tive o prazer ou o desprazer de contar da minha filha para a família dela. Quando eu soube dos problemas da Duda eu não os encontrei mais.
  Eu cresci e fui ficando cada vez mais madura em relação aos deficientes. Tive contato com umas duas ou três mães de crianças especiais e eu sempre as queria consolar dizendo “que Deus só da um filho especial para uma mãe muito especial”. Acontece que eu não sabia que elas não precisavam de consolo algum e que ter um deficiente na família não era nenhuma tragédia e nem o fim da vida. Embora as minhas antigas palavras muitas vezes me sirvam de consolo e me confortam.
  Hoje ao ver minha filha eu me lembro muito daquela colega da minha adolescência e como é triste e duro compará-la com alguém que foi tão maltratada e discriminada pelas pessoas. Minha filha tem Paralisia do lado direito do corpo e ela arrasta a perninha quando anda e isso a faz parecer com a garota que estudou comigo. Será que ela irá sofrer tudo o que a menina que estudou comigo sofreu? E se acontecer terei que sofrer este castigo calada? Nem posso pensar nisso, não suportarei tamanha injustiça e covardia com minha filha.

2 comentários:

  1. Teresa, estou encantada com sua vida e sua força, mas esse post em especial mexeu muito comigo. Sei que estamos falando da mesma pessoa e as vezes me culpo muito, mas crianças são pessoas que não tem muito discernimento das coisas e o que me consola é saber que mesmo com as "zoações" a nossa amiga "especial" gosta da gente até hoje.
    Beijos Carin

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  2. É infelizmente aconteceu, mas o bom de tudo isso é saber que aprendemos e talvez conseguir passar mais a fundo para nossos filhos o quanto este ato é inútil e cruel.
    E como vc disse...ainda bem que temos o afeto dela até hj!!!
    Valew Ca
    Bjkas

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